segunda-feira, 21 de março de 2011

Leonilson em Retrospectiva




De 17 de março a 29 de maio, o Itaú Cultural apresenta "Sob o Peso dos Meus Amores", exposição retrospectiva de Leonilson que revela ao público a trajetória deste grande expoente da arte contemporânea – morto precocemente em 1993, aos 36 anos. Com curadoria conjunta de Ricardo Resende e Bitu Cassundé, a mostra cujo nome faz referência a um de seus trabalhos, traz facetas pouco conhecidas do artista, além de obras representativas – em uma mescla de desenhos, bordados, cadernos e suas coleções de globos, mapas, brinquedos. 

Destaque para o autoretrato Mirror – assemblagem de feltro bordado e com costura, realizado por ele nos anos 70 –, e a vinda pela primeira vez ao Brasil da coleção do também artista e grande amigo Albert Hien. 
Pela sua dimensão e importância, esta coleção vinda de Munique ocupa todo o primeiro subsolo do espaço expositivo do instituto e apresenta 71 obras – quatro de autoria de Hien, 66 assinadas por Leonilson, e uma instalação nunca antes exibida no país: How to Rebuild at Least One Eight Part of the World feita a quatro mãos pelos dois amigos. 
 
Segundo Resende, o diálogo que Leonilson e Hien estabelecem em seus trabalhos impressiona. “É como se fossem um espelhamento de obras; eles se reviram um na produção do outro”, observa o curador.  De acordo com ele, em cada um se encontram formas como pontes, fontes, faróis, navios. “A diferença é que em Hien impera o sentido da forma; em Leonilson o que pesa mais são as relações interpessoais, mas sobre as mesmas formas.” 

Um dos expoentes da chamada Geração 80, Leonilson se firmou como um dos destaques no panorama cultural brasileiro no início da década de 1990. Com a sua obra contundente, expressou em seus desenhos, pinturas, bordados, esculturas e instalações os dramas e as angústias do homem contemporâneo.

A exposição

No total são  318 obras – 313 do próprio artista, entre seus trabalhos e também objetos de arquivo, agendas e cadernos, quatro de Albert Hein e uma assinada pelos dois – apresentadas nos três andares (primeiro andar, primeiro e segundo subsolos). Uma delas, Instalação sobre duas figuras / Instalação na Capela do Morumbi é reapresentada na Capela do Morumbi. Trata-se do último trabalho criado pelo artista, em 1993, que não chegou a vê-lo montada, pois faleceu antes da inauguração da exposição. 

No Itaú Cultural, o público percorre a trajetória do artista por meio de uma linha do tempo, aprecia seus principais trabalhos, além de seus cadernos e agendas nunca antes levadas a público que, digitalizadas, podem ser manuseadas pelo visitante. Todas estas peças provêm de coleções particulares, de museus e do Projeto Leonilson – criado em 1993 por um grupo de familiares e amigos do artista com a finalidade de pesquisar, catalogar e divulgar a obra, visando a realização de um catálogo geral de sua produção artística.

Em paralelo

Programação paralela acompanha a exposição. Entre os dias 13 e 23 de abril é apresentada a performance O tempo da Paixão ou O Desejo é um Lago Azul da Companhia da Arte Andanças de Fortaleza, inspirada em obra de mesmo nome realizada por Leonilson em 1989, e as performances El Puerto e Dedicate, de Marcos Sobrinho. Nos dias 19 e 20, também de maio e sempre às 20h, é realizado na sala Itaú Cultural o seminário Arquivo e Memória – O Legado do Artista.  

No primeiro dia, o seminário reúne no instituto os curadores Lisette Lagnado, Paulo Herkenhoff e Ana Lenice Dias, presidente do Projeto Leonilson, que falarão sobre o acervo do artista. No seguinte, 20, os curadores Bitu Cassundé e Carlos Eduardo Riccioppo, com a professora Maria Esther Maciel, expert em taxonomia, discutem especificidades da obra de Leonilson. 

20 anos de arte contemporânea na Capela 

A Capela do Morumbi comemora 20 anos de instalações de arte contemporânea, durante os quais recebeu instalações de importantes artistas, entre eles Carlos Fajardo, Carmela Gross, José Resende, Nelson Leirner, Albano Afonso, Sandra Cinto, Daniel Acosta, Wagner Malta Tavares, Ana Paula Oliveira, e mais recentemente, Guto Lacaz, Laura Vinci, José Spaniol, Marcelo Moscheta, Hudnilson Jr., Rejane Cantoni e Leonardo Crescenti, entre outros. 

Para comemorar a data, o Museu da Cidade de São Paulo em parceria com o Itaú Cultural, reapresenta no mesmo período da exposição "Sob o Peso dos Meus Amores" no instituto, a instalação de Leonilson apresentada ali em 1993. Obra emblemática da trajetória do artista é também uma das mais marcantes da história de exposições da Capela do Morumbi, que ele não chegou a ver. 
Pela instalação realizada na Capela do Morumbi e por outra individual realizada no mesmo ano, o artista recebeu homenagem póstuma e prêmio da Associação Paulista de Críticos de Artes - APCA.

SERVIÇO

"Sob o Peso dos Meus Amores"


De 17 de março a 29 de maio
De terça a sexta, das 9h às 20h
Sábs. doms e feriados, das 11h às 20h
Entrada franca

Legenda da Foto 1: "Quem Morre Comigo", trabalho de 1982 (crédito da foto: Eduardo Ortega)

Legenda da Foto 2: "Isto é a Lua. Not The Last Chance", trabalho de 1989 (crédito da foto: Rômulo Fialdini)

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