quarta-feira, 9 de março de 2011

Maratona Cinematográfica (Parte I)

                                                                                           

                                                                    Ao som de "Hollywood, Mon Amour"

Não. Não vou falar nesta postagem ainda, sobre a Virada Cinematográfica que irá acontecer neste sábado, às 23h, no Cinemark Jardins. Deixarei esse assunto para logo mais, porque agora irei, mesmo que, resumidamente, comentar sobre os nove filmes que assisti neste carnaval em Sampa.

Constatei mais uma vez, que o Oscar (por mais que eu faça um alarde sobre a premiação) não deve ser levada muito a sério (pelo menos em algumas ocasiões). Como escrevi antes no blog, a cerimônia deste ano foi a da "Previsibilidade" e, tendo assistido a três dos filmes estrangeiros em competição, bem que poderia ter dado uma "zebra".

Senão vejamos: "Biutiful" que assisti no mês passado, já tinha me deixado desnorteada por conta da atuação de Javier Bardem e do roteiro assinado por Alejandro González Iñárritu, Armando Bo e Nicolás Giacobone. Como um bom exemplar do cinema do diretor mexicano, Iñárritu, o longa é daqueles que deixa o espectador "balançado" ao sair do escurinho do cinema. Falei, inclusive, que ele tinha chances de ganhar na categoria, mas não deu. Merecia ? Com certeza, mais que o vencedor "Em Um Mundo Melhor" da Dinamarca e menos do que "Incêndios" do Canadá.

O vencedor da categoria, dirigido de forma competente por Susanne Bier ("Depois do Casamento") é daqueles filmes que vão num crescente a cada cena, com uma tensão que não deixa o espectador desviar a atenção um momento sequer, a não ser no final, quando a sensação de frustração é inevitável, por ter a diretora escolhido um desfecho "lugar comum".

No filme- que me lembrou "A Fita Branca", no aspecto da germinação do mal entre jovens- deparamo-nos com personagens adultos, por vezes, infantilizados, enquanto que os adolescentes parecem querer a todo custo amadurecer antes do tempo devido. O adulto bom (o médico Anton, vivido pelo ator Mikael Presbandt) é transformado pelas mãos de Bier numa espécie de mártir, de ser humano deslocado nesse mundo contemporâneo cheio de armadilhas.

Já Christian (William Jøhnk Nielsen) é a personificação do garoto-problema, que após a morte da mãe, sai de sua Inglaterra natal e vai morar com a avó, na Dinamarca. Visto como "estrangeiro" pelos colegas de turma, consegue um aliado, o rejeitado Elias (Markus Rygaard), que vive apanhando de um aluno mais velho.  Quando Christian toma as dores do colega para si, sua mente ardilosa começa a arquitetar planos para a vingança, mas nada chegará próximo à atitude de "defender a honra" do pai do amigo, o médico Anton.

O roteiro "dá pano para muita manga" e, em um dado momento, parecia até que eu iria sair do cinema com um belo pulôver confeccionado pela diretora. Mas eis que, acidentalmente, a roupa começa a se desfiar pouco antes dos créditos finais e a sensação de frustração toma conta do meu corpo gélido.

Melhor se aquecer no calor de "Incêndios", co-produção Canadá/França que até agora, para mim, foi o mais impactante dos três. Com final inesperado (verdadeira apunhalada no lado esquerdo do peito), a trama gira em torno da história de Nawal Marwan (a ótima Lubna Azabal), que acompanhamos em flashback, após sua morte.

Seus filhos gêmeos- Simon e Jeanne- recebem após a leitura do testamento, a incumbência de entregar uma carta a seu pai, que não conhecem, e ao irmão, que nem sabiam da existência. Simon (Maxim Gaudette) acha melhor não mexer no passado, mesmo que isso contrarie o último desejo de sua mãe. Jeanne (Mélissa Désormeaux-Poulain), no entanto, com personalidade bem semelhante à mãe, decide iniciar uma jornada no Oriente Médio, terra de seus ancestrais, a fim de desvendar o mistério.

Denis Villeneuve dirige bem os atores e dá o tom trágico na medida, para que o filme abale as estruturas de quem o confere, mas sem cair no melodrama fácil. O que chama a atenção nesta tragédia é a abordagem que Villeneuve faz sobre amor e guerra, intolerância e perdão. Tudo baseado no a peça do libanês, radicado canadense, Wadji Mouawad.

Um petardo que merecia o prêmio, sem dúvida.

OBS: Comentários sobre "Poesia", "Inverno da Alma", "127 Horas" e muito mais na próxima postagem. 

Legenda da Foto: A atriz belga Lubna Azabal bem que merecia também uma indicação

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