Depois do sucesso das mostras Krzysztof Kieslowski, no ano passado e John Cassavetes, no último mês de julho, o SESC/SE através do Departamento Nacional do SESC, realiza de 27 a 31 de agosto, a Mostra “1959: O Ano Mágico do Cinema Francês”.
A mostra contará com cinco títulos- “Quem Matou Leda ?” de Claude Chabrol; “Os Incompreendidos” de François Truffaut; “Pickpocket” de Robert Bresson; “Acossado” de Jean-Luc Godard e “Hiroshima Mon Amour” de Alain Resnais- que serão exibidos no SESC/centro e SESC/Socorro (sempre às 14h), com entrada gratuita, sendo que três sessões noturnas e duas vespertinas, na unidade de Aracaju, contarão com debates.
“Convidamos cinéfilos, pesquisadores na área de cinema e críticos para contribuir com nosso trabalho de formação de plateia. Após a exibição dos filmes, cada um deles irá discutir um tema específico, com relação àquele filme ou ao diretor”, explica Wolney Nascimento, técnico de cinema do SESC/centro.
Na abertura oficial da Mostra, que acontecerá às 19h, no dia 27 de agosto, no auditório do SESC/centro, será exibido o filme “Quem Matou Leda ?” e o jornalista Ivan Valença discutirá sobre “A Nouvelle Vague e a Redescoberta do Cinema”. Esse filme, que explora a decadência das relações burguesas na França do Pós-Guerra e demonstra influências Hitchcockianas, será reprisado, no dia seguinte, ao meio-dia.
O segundo filme, “Os Incompreendidos” será exibido no dia 28/08, às 14h30, e logo após, o cinéfilo e Mestre em Física, Murilo Navarro tecerá considerações sobre “Os Incompreendidos e o Homem que Amava o Cinema”. À noite, às 19h, o filme de estreia de Truffaut, com nítida característica autobiográfica, terá nova sessão, bem como no dia seguinte, às 9h e ao meio-dia.
Na quarta-feira, terceiro dia de Mostra, a exibição noturna será do filme “Pickpocket” de Robert Bresson. A jornalista que vos escreve, comentará sobre “A Estética Bressoniana”. Apesar de não ser enquadrado como um diretor da Nouvelle Vague, Bresson marca presença na Mostra, justamente, por ter influenciado esses jovens diretores com seu estilo único de filmar.
Será possível rever “Pickpocket”, que conta a história de um batedor de carteira compulsivo, no dia 30/08, ao meio-dia. Às 14h30, haverá exibição de “Acossado” e debate com o Mestre em Cinema, Caio Amado. Ele discorrerá sobre o tema “Entre a Dor e o Nada”. O filme de Jean-Luc Godard, um dos mais analisados e festejados da história do cinema, por conta de seu desprendimento artístico e por subverter as regras clássicas narrativas, será exibido também ao meio-dia da sexta, 31/08.
Neste último dia de Mostra, haverá exibição de “Hiroshima Mon Amour”, às 9h e às 19h. Após a exibição noturna, o Prof. Dr. Carlos Japiassu debaterá sobre “Hiroshima Mon Amour- Amor e Barbárie: Os Limites do Humano”. O filme que será também será exibido no dia 27/08, ao meio-dia, possui uma complexa concepção narrativa, repleta de artimanhas temporais que descontinuam ações. Após assistir a “Hiroshima Mon Amour” os espectadores são levados a refletir sobre o que é ficção e o que é documentário ? Qual o papel das imagens em um mundo dominado pelo absurdo ?
Sobre a Nouvelle Vague- Para que o público não assista aos filmes sem uma base prévia sobre o assunto Nouvelle Vague, começa hoje, à tarde, no SESC/centro, o curso “Godard, Sartre e a Nouvelle Vague: Cinema e Filosofia” ministrado pelo Prof. Dr. Romero Venâncio. Até esta sexta-feira, Romero irá debater sobre o existencialismo e o cinema de Godard e, para isso, utilizará como ferramenta coadjuvante, os filmes “Godard, Truffaut e a Nouvelle Vague” de Emmanuel Laurent, 2010 e “Godard: o amor e a poesia” de Luc Laguier, 2007.
“Um roteiro como este do Francês Antoine Baecque (escritor de uma monumental biografia de Jean-Luc Godard), transformado em filme documental por Emmanuel Laurent, nos mostra a Nouvelle Vague cinematográfica como uma privilegiada encenação familiar. Em ‘Godard, Truffaut e a Nouvelle Vague’, é como se o movimento de mais de 50 anos atrás, exercido magistralmente pelas excelências artísticas de Godard, Truffaut, Chabrol, Rivete, Rohmer, Agnès Varda e outros, pudessem ser resumido ao ímpeto criador de apenas dois. Mas, obviamente, a Nouvelle Vague foi mais que esses dois artistas geniais do título, e talvez muito ainda tenha a agradecer ao diretor da cinemateca francesa, Henri Langlois, que fala breve e espetacularmente no filme”, diz Romero Venâncio.
O curso dará a oportunidade dos alunos verem também “Godard: o amor e a poesia” de Luc Laguier, 2007. Menos conhecido que o documentário de Laurent, esse filme mostra a relação profissional e sentimental entre Godard e a atriz Anna Karina (que esteve no Brasil, recentemente, como homenageada do Festival Internacional de Cinema de Brasília).
“O filme começa com a seguinte frase emblemática: ‘É a história de um período especial na vida de um cineasta especial’. Trata-se de destacar um momento na vida de Jean-Luc Godard e de sua relação com Anna Karina. O diretor do documentário fez uma pesquisa e descobriu a importância determinante nos filmes de Godard que vão de 1960 a 1965, onde a presença de Anna Karina aparece como ‘o rosto feminino da Nouvelle Vague’ e o amor inspirador de Godard. Portanto, um filme que trata de ‘amor e poesia num cinema particular’ ou a ‘história de mulher a filmar e amar’. O filme nos deixa o sentimento de que sem Anna Karina a Nouvelle Vague de Godard teria outro rumo bem diferente do que conhecemos”, finaliza o professor Romero.
Sem dúvida, essa iniciativa do SESC/SE, em exibir a Mostra “1959: O Ano Mágico do Cinema Francês”, com a chancela do Departamento Nacional do SESC, só corrobora a preocupação da instituição em estimular a formação de plateia para a arte cinematográfica. As últimas mostras, com total sucesso de público, confirma que a equipe de cinema do SESC, está indo pelo caminho certo.
Cabe agora, uma maior sensibilidade da Diretoria Regional em implementar um projeto de Sala de Cinema do SESC em Aracaju. Já passou da hora, não ? Os cinéfilos ficariam extasiados com essa ação.
Legenda da Foto: Em "Pickpocket", Bresson abusa do conceito de que "a câmera era o olha do espectador"
Legenda da Foto: Em "Pickpocket", Bresson abusa do conceito de que "a câmera era o olha do espectador"
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