quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Cinema Vitória recebe mais uma Sessão Vitrine Petrobras

Miguel "Tibars" vai à procura de suas origens em "Djon África"

A partir de hoje, entra em circuito nacional, dentro da Sessão Vitrine Petrobras, o filme "Djon África" da dupla de diretores Filipa Reis e João Miller Guerra. O filme, que aporta no Cinema Vitória com a chancela do Prêmio FIPRESCI do 36o Festival Cinematográfico Internacional del Uruguay, trata de questões imigratórias e identitárias, tendo como personagem principal, Miguel "Tibars" ou Djon África (Miguel Moreira). 

O rapaz de vinte e poucos anos, órfão de mãe, foi criado pela avó em Portugal, sem conhecer seu genitor. Desempregado e sem perspectivas de trabalho no continente, Miguel decide iniciar uma jornada a Cabo Verde, com o intuito de encontrar o pai e se aproximar de suas raízes. A viagem de contornos cômicos é marcada por situações corriqueiras a turistas debutantes em um determinado "sítio".

Miguel tenta  a todo custo se passar por um cabo-verdiano nato, mas o sotaque carregado, seu desconhecimento em relação a alguns costumes locais e à realidade familiar, colocam-no num lugar de estrangeiro. Ainda assim, Miguel deseja conhecer o pai, com o qual se parece fisicamente e na maneira de agir, segundo sua avó. Vai até Tarrafal- localidade da Ilha de Santiago, no arquipélago de Cabo Verde-, onde o seu genitor foi visto pela última vez.

Se não consegue ter informações mais concretas do paradeiro do pai, aproveita para conhecer simpáticos nativos que o incentivam a ficar na ilha. É o caso de uma senhora solitária, que conhece numa balsa, e o convida a ajudá-la nos afazeres rurais, dando em troca moradia e alimentação. Miguel, a princípio, não tem nada a perder e aceita a proposta. No entanto, recebe um telefonema da namorada, residente em Portugal, que o faz tomar uma decisão importante.

O tema da imigração já foi explorado por Filipa Reis e João Miller Guerra no documentário "Li ké Terra" (2010). Nesse filme, eles acompanharam um pouco da vida dos jovens  Miguel Moreira e Ruben Furtado, dois descendentes de imigrantes cabo-verdianos, que residem ilegalmente em Portugal. Em "Djon África", Miguel volta ao centro do conflito, mas agora, a arte parece imitar a vida, com sua história pessoal confundindo-se com a do seu personagem ficcional.

Se no início, a narrativa de "Djon África" flui, naturalmente, muito por conta de Miguel, figura carismática que de pronto faz com que o espectador embarque junto em sua jornada, na última terça parte do filme, o fio condutor parece se perder, com os diretores mais preocupados em explorar visualmente a topografia da região, do que se aprofundar nos dramas internos do personagem. Ainda que a resolução careça de um lampejo criativo, "Djon África" merece ser conferido, sobretudo pela força do cinema português na contemporaneidade.

O filme terá sessão no Cinema Vitória (Rua do Turista) hoje, às 17h20; sábado, às 14h e segunda-feira, às 15h30.

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