Se tem duas personae gratae do cinema contemporâneo que merecem respeito, são os roteiristas/diretores Charlie Kaufman ("Sinedóque em Nova York", "Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças", "Quero Ser Joh Malkovich") e Jason Reitman ("Obrigado Por Fumar", "Juno").
Este último, traz no mais recente "Amor Sem Escalas" (tradução um tanto infeliz para Up in the Air) a confirmação de que domina bem o campo das relações humanas e explora temas subestimados no cinema de ordem moral- como já fez em "Juno" com a gravidez indesejada na adolescência e em "Obrigado Por Fumar" com o direito de fumar (nos dias atuais, cada vez mais difícil)- e, agora, a questão do distanciamento humano num mundo cada vez mais individualista e impessoal.
Logo nos créditos iniciais, o diretor que também assina o roteiro do filme protagonizado por George Clooney, faz com que espectador aprecie belas paisagens como se estivesse dentro de um avião, enxergando o mundo de um ângulo bastante privilegiado, porém de maneira distanciada.
É assim, que vive o personagem Ryan Bringham (Clooney) na maioria de sua vida, nas alturas, sobrevoando o país norte-americano, a fim de demitir funcionários de grandes corporações. O solitário viajante tem como o principal meio de transporte o avião, e quando o assunto é "porto seguro", qualquer hotel de luxo que se preze, parece suprir muito bem a falta do aconchego de um lar.
As aparências enganam mesmo. É preciso que sua rotina de viagens incessantes seja ameaçada pelas ideias mirabolantes de uma jovem funcionária da empresa Natalie (Anna Kedrinck), que quer mudar o método de demissão, então vigente, para que Ryan perceba que o perigo está na terra, e não nas alturas.
É a partir da convivência entre ambos- já que Natalie começa a viajar com Ryan para aprender seu "método" especial- e do início de um affair com Alex (Vera Farmiga), uma errante viajante como ele, que seu conceito de vida é posto à prova.
Jason Reitman vai desnudando, pouco a pouco, a verdadeira personalidade de Ryan a cada escala obrigatória que ele faz por conta do trabalho. Sua fragilidade vai aflorando, sem no entanto, a história descambar para um melodrama. Tudo está na medida certa: a música, as interpretações (diria que essas são soberbas), a mão segura do jovem diretor, tornando Up in the Air forte candidato ao oscar de roteiro, ator e, porque não dizer, diretor.
Mesmo para aqueles que têm medo de altura, vale a pena aceitar o sobrevoo que Jason Reitman nos convida a fazer. Será um passeio inesquecível!!
Texto: Suyene Correia
Legenda da Foto 1: Ryan (Clooney) e Alex (Farmiga) podem ser vistos em ação em Up in the Air em cartaz no Cinemark
Um comentário:
oi meu bem! pois é hoje eu também assisti a up in the air e lhe sou sincero. eu achei o filme bem bacana sim. a proposta excelente em questão. algo que muitos teimam em não colocar em xeque por achar que isso é muito comum e portanto ignoram esse assunto. e o diretor vem discutí-lo, digamos que de uma forma nova, onde ele mostra sim oa lados bem positivos de uma vida meio que 'vazia',como usa-se mesmo essa expressão na película,porém ele vai dissecando o ryan e mostrando todo o ser vulnerável que pode se encontrar em alguém que adota esse tipo de vivência. e nessa jornada há duas belas mulheres e com certeza de inesquecíveis que demonstram muito bem esses dois lados em foco no filme.uma é natalie que aos 16 anos sonhava em ter 23 casada e com um filho. a outra é a alex,mulher madura,segura,e aparentemente a favor do "tipo" de clooney.natalie com sua nova ferramenta de trabalho é obrigada por ryan a presenciar como se demitir uma pessoa e até então gélida quanto a esse assunto passa pela terrível sensação de envolvimento com cada história que é contada pelas personagens que são demitidas. e alex até então uma aventureira sexual,em busca dos mais calientes sexos casuais,nos mostra um outro ser humano bem diferente em que literalmente se esconde na pele de "lobo".
enfim um filme sim válido a concorrer ao globo de ouro e com certeza ao oscar também,por roteiro,direção,no entanto embora sua espetacular atuação acho que um coadjuvante cairia melhor a george assim como também para a atriz que desempenhou o papel de natalie.
bom,vale sim a dica da suy de assistir ao filme. ele é muito bem feito,embora tenha saído um pouco frustrado com tamanha expectatica que me foi criada!
beeeijo suy! saudades!
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