sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Música com Tempero Mineiro, Paraense e Baiano no Conexão Vivo Salvador


A chuva  começou a cair exatamente às 18h30, quando  Babilak Bah subiu ao palco do Conexão Vivo na Praia da Pituba, em Salvador, abrindo a segunda noite de programação. Nem por isso, o público de aquietou. Pelo contrário, aproximou-se do palco para conferir o instrumentista e percussionista tirar som de uma enxada e comandar uma banda, que ora tocava instrumentos tradicionais, ora “pegava” na enxada, simulando o som de agogôs.  
Após mostrar músicas de seu mais recente trabalho “Biografia de Homens Inquietos”, o paraibano que reside em Minas Gerais, recebeu como convidado, o seu conterrâneo, Chico Correa. Entre guitarras e sonoridades eletrônicas, o DJ criou remixes para temas da cultura popular e trilha para a Cia. de Dança de Nova York. O público se “esquentou” com esse um encontro de dois artistas que experimentam sonoridades diversas a fim de criar um som original. 
A segunda atração da noite veio lá das terras do norte do país. A cantora Iva Rothe mostrou que nem só de carimbó é feito o cancioneiro paraense. Explorando o terceiro álbum da carreira- “Aparecida”- ela soltou a voz suave, mas marcante em “Dizaparecida”, “Água”, “Fortuna Real”, “Pintando a Mão” e “Mano Mano”.
Seu convidado, na noite, foi o cantor Gerônimo, referência na música baiana dos anos 80 e um dos precursores do axé. Incrivelmente, quando os dois entoaram “É d’Oxum”, São Pedro deu uma trégua na chuva que não parava de cair. Finalizaram com outros dois clássicos: “Jubiabá” e “Sereia”. 
A essa altura, a praça Wilson Lins, onde foi montada a estrutura com dois grandes palcos para receber os quatro dias de evento, já estava praticamente lotada. A terceira atração da noite foi o trio Cláudia Cunha, Manuela Rodrigues e Sandra Simões. Formando o “Três na Folia”, as cantoras colocaram a plateia prá dançar ao som de frevo, marchas, músicas populares e ritmos baianos. Foi uma boa oportunidade de conferir o som dessas moças, que no último carnaval, animaram o famoso Baile dos Mascarados na capital baiana. 
Depois da “trinca de damas”, o “quarteto de ases” entrar em ação. A chuva deu uma trégua maior quando as baianas Márcia Castro e Mariella Santiago, a paulista Mariana Aydar e a cabo-verdiana, Mayra Andrade entraram em cena cantando “Os Mais Doces Bárbaros” de Caetano Veloso.
Uma considerável legião de fãs das cantoras se espremia no “gargarejo”, a fim de se fazer notar para as cantoras que se apresentavam pela primeira vez juntas, no projeto intitulado “Pipoca Moderna”. Ideia de Márcia Castro, que reside em São Paulo e através da internet, foi moldando o repertório juntamente com as outras amigas. 
Ora faziam duetos, ora cantavam solo e também entravam em cena unidas para entoar canções como “Cantos das Três Raças”, “Frevo Pecadinho”, Tunuka, “Aqui em Casa”, “Nha Damacha”.
O destaque ficou por conta de Mayra Andrade, que mesmo morando há léguas de distância- na França- parecia muito a vontade em terras baianas. Sem sotaque nenhum, fez bonito cantando as músicas de compositores brasileiros, mas o charme ficou nas ocasiões que interpretou seu repertório pessoal, em crioulo, baseado nos CDs “Navega” e “Stória, Stória”.
A noite ainda reservava mais três atrações: Pedro Morais (MG), Gaby Amarantos (PA) e Lenine (PE). A essa altura, mesmo contrariando as expectativas, por conta da chuva que insistia em cair, o local já estava totalmente tomado pelo público, superando o sucesso da noite anterior. 
Pedro Morais, embalou os ouvintes com sua voz privilegiada e apresentou um set list calcado no segundo disco da carreira, “Sob o Sol”. Acompanhado de músicos competentes, abriu caminho no final da apresentação, para que subisse ao palco os baianos da banda Maglore.
Com apenas dois anos de carreira, Teago Oliveira, Léo Brandão, Nery Leal e Igor Andrade, componentes da Maglore, mostraram que a cena independente de Salvador está com todo o gás. Foi um encontro bem bacana que antecedeu o furacão Gaby Amarantos.
Popstar da música paraense, sem ter lançado até então um único disco, Gaby surpreende com sua performance, voz grave e um tecno melody de deixar qualquer banda Calypso no chinelo.
Misturando carimbó, guitarrada, bangüê e lundu, a “Beyoncé do Pará” concebeu um show explosivo que não deixou ninguém ficar parado, um minuto sequer. “Faz o T”, “Xarque” e “Xarirá” foram algumas das pérolas interpretadas pela cantora ao longo de quase uma hora de show.
Encerrando a segunda noite do Conexão Vivo, o cantor Lenine que é mais do que conhecido pelo público daqui. Autor de importantes hits brasileiros, o cantor e compositor se apresentou com sua banda oficial e agitou a galera com o repertório dos seus últimos discos. Agora, é torcer para que amanhã o tempo ajude e o público volte a prestigiar o evento que nessa primeira etapa, em Salvador, se encerra no domingo, à tarde.

Texto e Fotos: Suyene Correia

Legenda da Foto 1: O grupo Três na Folia  mostrou um repertório carnavalesco recheado de muito frevo  

Legenda da Foto 2: Mayra Andrade e Mariana Aydar (foto) cantaram junto com Márcia Castro e Marielle Santiago numa das melhores performances da noite

Legenda da Foto 3: Gaby Amarantos mostrou porque mesmo sem disco gravado é uma das maiores forças do tecnobrega paraense

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