segunda-feira, 17 de setembro de 2018

51o Festival de Brasília (Segundo Dia)- "Los Silencios"


Los Silencios_foto Suyene Correia_http://bangalocult.blogspot.com
 Seigner (segunda, da esq. para dir.) e parte da equipe de "Los Silencios"

Maria Paula Peña e Enrique Díaz, atores de "Los Silencios"

Continuando a escrever sobre o 2o dia de programação da Mostra Competitiva, detenho-me, agora, no filme "Los Silencios", o segundo longa-metragem exibido na noite de sábado, no Cine Brasília.  Dirigida por Beatriz Seigner, a co-produção brasileira-franco-colombiana centra-se na história de uma mãe, Amparo (Marleyda Soto) e seus dois filhos: Núria (Maria Paula Tabares Peña), de 12 anos e Fabio (Adolfo Savinvino), de 9 anos. 

Colombianos, o trio está fugindo dos conflitos armados do país natal, na região Amazônica, e segue em direção a uma ilha fronteiriça- La Isla da Fantasia- entre o Brasil, a Colômbia e o Peru. Lá, a família tenta recomeçar a vida, tendo a ajuda da avó (Doña Albina) de Amparo, enquanto esta reivindica junto às autoridades, uma indenização pela morte do marido brasileiro, Adão (Enrique Díaz)- supostamente morto num acidente de trabalho-, e um visto para entrar no Brasil. Mas sem um corpo identificado e sem dinheiro para tocar o processo, Amparo esbarra na burocracia e torna-se alvo de advogados inescrupulosos.

Seus problemas não param por aí. Fabio parece irascível por conta da mudança de escola e adaptação à nova vida. Descontente com a falta de dinheiro em casa, ele aventa a possibilidade de trabalhar, o que contraria a mãe. Núria, por sua vez, deixa de interagir com a mãe e o irmão, após encontrar o pai escondido na palafita onde passam a morar.

Com forte influência do cinema asiático- "Los Silencios" aproxima-se de "Lola" de Brillante Mendonza e dos filmes de Apichatpong Weerasethakul-, Seigner aborda de forma poética a questão da morte, apoiando-se nas histórias fantasmagóricas que cercam a Ilha da Fantasia. Também não deixa de denunciar a questão imigratória na América Latina e o descaso estatal para com os povos (muitos destes, indígenas) afetados pelos conflitos armados no coração amazônico.

O roteiro, de certa forma intrigante, recebe suporte da fotografia exuberante, assinada pela colombiana Sofia Oggioni e a captação de som feita pelo cubano Rubén Valdes, funcionam como hipnóticos que conduzem o espectador para um lugar mágico, etéreo, fronteiriço entre a vida e a morte. Para o espectador só resta estar de "coração aberto", para navegar pelas águas encantadas que margeiam a Ilha da Fantasia.

Assista ao trailer:



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